Hérnia diafragmática associada à toxemia hepática em cadela de três anos
Traumatic diaphragmatic hernia associated with hepatic toxemia in a dog three years old
Orientador: Prof. Dr. Andrigo Barboza De Nardi
As hérnias diafragmáticas traumáticas (HDT) podem causar complicações que vão
além das dificuldades respiratórias. A ação física do diafragma por tempo prolongado
sobre as vísceras pode causar lesões irreversíveis. Essas lesões são causadas por uma
série de reações complexas e de cascata bem definida, conhecidas como lesão-isquemia-
reperfusão (LIR). O presente trabalho aborda não só características gerais das HDT’s
como etiologia, sinais clínicos e tratamento, mas também um pouco a respeito da LIR,
problema sobre o qual ainda há muito a se esclarecer. Palavras-chave: hérnias adquiridas, hipóxia, lesão-isquemia-reperfusão, toxemia tecidual. Abstract
Traumatic diaphragmatic hernias (TDH) can cause complications ranging from
breathing difficulties as well. The physical action of the diaphragm for a long time on the
viscera can cause irreversible damage. These injuries are caused by a series of complex
reactions and cascade well defined lesion known as ischemia-reperfusion (LIR). This work
addresses not only the general characteristics of TDH's etiology, clinical signs and
treatment but also a little about the LIR, the problem about which much remains to be
clarified.Keywords:adquired hernias, hypoxia, ischemia-reperfusion lesion, toxemia Introdução
O presente trabalho relata o caso de uma cadela Boxer de três anos de idade que
veio a óbito em decorrência de complicações hepáticas ocorridas em uma HDT.
Revisão de literatura
A passagem das vísceras abdominais para dentro do tórax, após a ruptura do
diafragma, músculo responsável por separar as duas cavidades, configura uma hérnia
diafragmática traumática (HDT). O diafragma é formado por uma porção muscular e uma
porção tendinosa central que, durante o repouso respiratório, se apresenta em forma de
uma cúpula voltada para a cavidade torácica atuando diretamente na fisiologia da
respiração, expandindo longitudinalmente a caixa torácica e favorecendo, assim, a
entrada de ar no ato da inspiração (KEALY & McCALLISTER, 2005).
As HDT’s podem ser denominadas como falsas, onde as vísceras abdominais se
encontram soltas no espaço pleural ou como adquiridas. Independentemente das
denominações as HDT’s tem como origem principal os traumas, e dentre estes, os
eventos automobilísticos cursam como as causas mais recorrentes (FURLANI, 2008). A
fisiopatogenia da ruptura diafragmática remete a um aumento repentino da pressão intra-
abdominal decorrente de um evento traumático somado a uma glote aberta, resultando
em uma grande pressão sobre o diafragma e posterior rompimento do mesmo. Entre a
cavidade abdominal e a torácica há um gradiente de pressão que varia entre 7 e 22cm
H2O. Durante a inspiração máxima esse valor pode atingir até 100cmH2O, no entanto,
durante um grande evento traumático esse gradiente se eleva em até dez vezes seu valor
máximo, transferindo de forma súbita toda essa energia cinética para a cúpula
diafragmática ocasionando seu rompimento (SHARMA, 1989). O animal pode,
inicialmente, não apresentar sinais assim, muitas vezes, a HDT é um achado, porém, na
maioria das vezes o animal chegará ao clínico com dispnéia como queixa principal
Devido à sua relação anatômica íntima com o diafragma, o fígado se mostrou o
órgão com maior frequência de herniação para o tórax (88% dos casos) (JOHNSON,
1998). Comumente a herniação e aprisionamento do fígado está associada a um
hidrotórax, causado por oclusão venosa (FOSSUM, 2008). O diagnóstico definitivo de
uma HDT, geralmente é realizado com o auxílio de exames radiográficos e/ou
ultrassonográficos, entretanto, os achados podem não ser tão óbvios radiograficamente
caso estejam presentes algumas complicações, como por exemplo, herniação hepática e
derrame pleural significativo, sendo necessário lançar mão de ultrassonografia para o
correto diagnóstico, que revelará a presença de vísceras abdominais na cavidade torácica
(NORSWORTHY et al., 2004). Devido à lesão no diafragma ser de ordem traumática, o
único tratamento indicado é a correção cirúrgica da ruptura, todavia, é preciso
primeiramente restabelecer a homeostase do paciente antes da indução anestésica e da
cirurgia propriamente dita (FOSSUM, 2008).
Antes da indução anestésica, mostrou-se bastante útil a suplementação de
oxigênio a 100%, por câmara ou máscara, para uma adequada saturação de oxigênio
livre circulante, evento importante no aporte e reserva de oxigênio para os tecidos durante
o período que compreende entre a indução e a entubação (BEDNARSK, 1986). Na
indução o método mais indicado é a utilização de qualquer barbitúrico de ação ultracurta
que permita uma entubação rápida e controle da ventilação. Um plano mais rápido e uma
recuperação mais curta são as vantagens de uma manutenção anestésica realizada com
isofluorano que tem um efeito depressor cardíaco e disritmogênico mínimo e não
sensibiliza o miocárdio às arritmias catecolamínicas (HUNT & JOHSON, 2007). Após a
indução institui-se uma manobra conhecida como ventilação por pressão positiva
intermitente (VPPI) ou simplesmente respiração assistida, que, se realizada sem exceder
os 20cmH2O, facilita o procedimento cirúrgico e evita um barotrauma assegurando
oxigenação adequada, além de prevenir um eventual edema pulmonar por reespansão no
reparo de uma hérnia crônica em um pulmão com atelectasia (FOSSUM, 2008).
Nos casos em que órgãos encontram-se aprisionados em uma HDT pode
estabelecer-se uma LIR no momento da redução, que evolui com rápida depleção das
reservas de ATP teciduais do órgão herniado, culminando em acúmulo de lactato,
tornando as células acidóticas, que então ativam uma série de proteases intracelulares.
Com a reintrodução do oxigênio nesse ambiente isquêmico ocorrem lesões tissulares
irreversíveis através de uma corrente complexa de eventos, que resulta na liberação de
endotoxinas, exotoxinas bacterianas, H2O2, radicais livres e produtos de autólise tecidual
como aminas e polipeptídios vasoativos levando à inviabilidade da porção herniada ou até
do órgão como um todo (BOJHAB et al., 1996). Para prevenir ou reduzir as
conseqüências desse evento indesejável Fossum (2008) preconiza a administração de
antibióticos antes da indução anestésica nesses animais e Boudrieau & Muir (1987)
aconselham a ressecção instantânea das estruturas comprometidas, sem que se permita
o restabelecimento da circulação, evitando assim, toda a série de complicações descritas
acima. Outra possível complicação descrita no trans ou pós-operatório imediato é o
reposicionamento e readaptação dos órgãos herniados ás novas dimensões do abdômen
em hérnias crônicas que pode favorecer torções em potencial (BOJRAB et al., 1996).
Após a herniorrafia recomenda-se uma exploração completa de toda a cavidade
abdominal em busca de lesões associadas e realizar um reparo adequado. A celiorrafia é
feita da forma rotineira (FOSSUM, 2008). O desenvolvimento imediatamente após a
cirurgia de ascite pode estar relacionado ao aumento na pressão de drenagem venosa
hepática, causada pelo reposicionamento ou em decorrência da lesão hepática (HUNT &
JOHNSON, 2007). O prognóstico é de reservado a ruim, porém, se o animal sobreviver as
primeiras 24horas o prognóstico é excelente (FOSSUM, 2008).
Descrição do caso clínico Resenha, anamnese e exame físico
Deu entrada no Hospital Veterinário da EV/UFG uma cadela da raça Boxer,
pelagem caramelo, três anos de idade, pesando 23 kg. Na anamnese, o proprietário
relatou que o motivo da consulta era que sua cadela apresentava relutância ao exercício e
estava sempre ofegante.O exame físico mostrou um animal alerta, com estado geral bom,
normocoloração das mucosas oral, ocular e vaginal, pavilhão auditivo saudável, TPC de
dois segundos, T° retal igual a 38.5°C, FC de 90 bpm, FR de 60 mpm e turgor cutâneo
indicando adequada hidratação, à ausculta observou-se hipofonese de bulhas cardíacas.
Exames complementares
Foi realizada radiografia em projeção látero-lateral esquerda, que mostrou uma
radiopacidade da porção ventral do tórax, juntamente com um campo pulmonar reduzido
e deslocado dorsalmente junto com a traquéia. O pulmão apresentava aspecto foliáceo e
a silhueta cardíaca não estava evidente somada a uma ausência da continuidade do
diafrágma devido à acentuada efusão pleural. Em seguida o animal foi encaminhado para
exame ultrassonográfico, onde constatou-se o fígado posicionado sobre o coração e
pulsando juntamente com o mesmo caracterizando uma hérnia diafragmática. O
proprietário deixou de informar sobre um atropelamento ocorrido há dois meses atrás,
pois não o achava relevante, devido o animal não ter apresentado, aparentemente, lesões
após o evento. Também coletou-se material para a realização de hemograma, avaliação
da função renal e hepática, além de urina para urinálise, sendo que os resultados
Diagnóstico definitivo e prognóstico
O diagnóstico foi hérnia diafragmática traumática. Diante do quadro o prognóstico
Tratamento
Quando o animal se apresentou para a cirurgia, pode-se observar claramente a
intensificação do quadro dispnéico, mesmo estando em repouso e quando era colocado
na posição bipedal pélvica (BPP) parecia sentir-se mais confortável para respirar. Estava
em jejum hídrico e alimentar de oito horas e sob medicação (lasix®1, clavulin®2, legalon®3
e meloxivet®4) e como alterações apresentava, apenas, a dificuldade respiratória e a
ausculta abafada na porção ventral do tórax, lados direito e esquerdo.O animal foi
submetido à ampla tricotomia, abdominal e torácica, devido a necessidade de realização
da toracotomia, caso durante a laparotomia não fosse possível corrigir a hérnia
À medicação pré-anestésica (MPA) consistiu em morfina5 na dose de 0,3mg/kg IM.
Antes da indução, foi ministrado, através da máscara, oxigênio a 100% por 5 minutos com
o intuito de aumentar a saturação de oxigênio livre circulante. A indução foi realizada com
associação de Propofol6 e Midazolam7 nas doses de 3mg/kg e 0,1mg/kg,
respectivamente, por via intravenosa. A manutenção foi realizada com o anestésico
1Lasix® - Furosemida, Biosintética, São Paulo – SP. 2Clavulin® - Amoxilina+Acido Clavulâmico, MEPHA, São Paulo – SP. 3Legalon® - Silimarina, BYK Química e farmacêutica LTDA São Paulo – SP 4Meloxivet® - Meloxicam, DUPRAT LTDA, Rio de Janeiro – RJ. 5Morfina - Dimorf®, solução injetável, CRISTÀLIA, São Paulo- SP 6Propofol - Diprivan®, Solução injetável, ABOTT, São Paulo – SP 7Midazolan - Dormonid®, Solução injetável, EUROPHARMA, Rio de Janeiro – RJ 8Isofluorano - Forane®, Anestésico inalatório, ABBOTT, São Paulo – SP
Então, após todos os procedimentos de antissepsia cabíveis, a cirurgia iniciou-se
com celiotomia pré-retro umbilical. Neste momento lançou-se mão da (VPPI), crucial para
adequada ventilação do animal no trans-cirúrgico devido à perda de pressão negativa no
tórax. Pôde-se observar então a ruptura do diafragma e presença de porção do fígado e
omento na cavidade torácica e para o reposicionamento destes tornou-se necessário o
prolongamento da ruptura. As porções herniadas estavam moderadamente aderidas e o
fígado consideravelmente congesto, fato esperado devido a cronicidade da hérnia e sem
esquecer da grande coleção de líquido já observada na radiografia e ultrassonografia
prévias. Com exceção da congestão hepática, todos os órgãos apresentavam-se sem
alterações circulatórias ou anatômicas, o líquido presente na cavidade abdominal e
torácica foi retirado com auxílio de aspirador cirúrgico. No decorrer da cirurgia o animal
passou a apresentar intensa hipotensão arterial sistólica (HAS), logo iniciou-se a infusão
de 0,02 mg/kg/min. de Dopamina9 afim de reverter esse quadro.A herniorrafia foi realizada
em padrão de sutura contínuo simples assim como a celiorrafia.
No pós-operatório imediato o animal iniciou uma distensão aguda e intensa do
abdômen, e retornou ao centro cirúrgico para reintervenção. Após novo acesso à
cavidade abdominal observou-se distensão gástrica por torção, hemorragia hepática
difusa e início de necrose da porção do fígado que estava herniada. O animal, que havia
se mostrado hipotenso durante boa parte do primeiro procedimento, voltou a apresentar
HAS e também cianose, porém, enquanto a hemorragia hepática não fosse controlada a
dopamina9 seria contra indicada, pois agravaria o quadro de hipotensão reflexa a um
suposto aumento na hemorragia. A manobra VPPI foi novamente utilizada nesta ocasião.
O estômago foi reposicionado e o gás presente em seu interior foi removido com a ajuda
sonda. A porção desvitalizada do fígado foi excisionada e o sangramento da porção viável
9Dopamina - Dopabane® , ABBOTT, São Paulo – SP
Em seguida iniciou-se a infusão de dopamina9 buscando restabelecer a pressão
arterial do animal. Procedeu-se a gastropexia para evitar nova torção gástrica. Para a
celiorrafia e dermorrafia foram repetidos os mesmos procedimentos anteriormente
Pós-operatório.
Dois dias após a cirurgia o animal retornou para acompanhamento das funções
renal e hepática. A anemia decorrente da perda sanguínea durante a cirurgia era outra
preocupação, então foi coletado sangue para os exames laboratoriais. No eritrograma foi
constatada uma anemia normocítica hipocrômica, as análises bioquímicas mostraram um
aumento das atividades das enzimas ALT, AST e FA e uma diminuição dos níveis séricos
No mesmo dia também foi realizada avaliação radiográfica do tórax do animal,
onde se pôde constatar o sucesso da herniorrafia.
Ascite e efusão pleural marcaram os dias que se seguiram e eram resultados da
intensa insuficiência hepática, decorrente das agressões químicas (Toxemia tecidual) e
físicas (lobectomia hepática) sofridas. Após sucessivas manobras o animal veio a óbito 36
dias depois da cirurgia com intenso edema pulmonar.
Considerações finais
Os sinais clínicos apresentados consistiam em dispnéia e relutância ao exercício.
Fossum (2008) coloca esses como sendo os principais sinais de HDT, sendo muitas
vezes o motivo pelo qual os proprietários buscam a assistência veterinária. O fígado
herniado juntamente com o omento para a cavidade torácica corrobora Johnson (1998)
quando afirma que, em 88% dos casos, este é o órgão herniado, e que isso se deve à sua
A herniação hepática em uma hérnia diafragmática pode estar acompanha de
algumas complicações. Uma delas é a efusão pleural explicada claramente por Fossum
(2008), como sendo um resultado do retorno venoso e linfático dificultado. A outra diz
respeito ao que a literatura chama de lesão-isquemia-reperfusão ou simplesmente
toxemia tecidual, que consiste numa série de processo metabólicos e enzimáticos que
culminam na inviabilidade do órgão ou porção deste, e é decorrente da situação
isquêmica encontrada na HDT com encarceramento hepático (BOJHAB et al., 1996).
Essas duas complicações estiveram presentes no trans-cirúrgico deste relato, e foram
corrigidas com a utilização de um aspirador cirúrgico, e realização da lobectomia hepática,
respectivamente. Para evitar esses problemas, o cirurgião responsável poderia lançar
mão de duas manobras, a primeira é proposta por Fossum (2008) e consiste na
administração de antibióticos e esteróides profiláticos antes da indução anestésica
evitando a liberação maciça de toxinas na circulação. E a segunda é proposta por Bojrab
et al., (1996) que aconselham a ressecção instantânea das estruturas comprometidas,
sem que se permita o restabelecimento da circulação nestas, evitando assim a ocorrência
de complicações descritas acima.Outra complicação encontrada foi a torção gástrica
ocorrida no pós-operatório imediato, e é provável que tenha acontecido em decorrência
das novas dimensões abdominais em que as vísceras reposicionadas tiveram que se
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1ère partie : modules transdisciplinaires - Module 11 : Synthèse clinique et thérapeutique. De la plainte du patient à la décision médicale. Urgences - Objectif 176 : Prescription et surveillance des médicaments psychotropes chez l’enfant et l’adolescent Rédaction : V Vantalon, S Mouchet, MC Mouren - Relecture 2008 : JP Raynaud Objectifs : Connaître chez l’enfant et l�
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